terça-feira, 14 de abril de 2009

---------- Linhas ----------

Nada mais concreto que o abstrato


Como trabalhar o abstrato com crianças pequenas? Essa questão apareceu como um desafio. As crianças que embarcam tão facilmente em universos da fantasia e do simbólico, poderiam também sentir-se motivadas e criadoras a partir de estímulos abstratos? A idéia de imitação parecia uma boa iniciativa para tentar responder essas perguntas. Com a música haviam muitas relações a serem feitas, o trabalho rítmico, as relações entre linhas e cordas, vibração, som.


Essa temática permeou diversas aulas de diversas formas e foi experimentada com turmas diferentes. As tentativas:

- Construímos uma instalação com cadeiras de várias alturas e barbantes amarrados, formando linhas de dimensões e posições variadas (pequena/ grande/ inclinada/ vertical/ horizontal etc...). Era uma instalação que permitia uma série de jogos rítmicos dentro e fora de seu espaço.


As experiências com a estrutura foram muitas:



  • Imitamos no papel exatamente as linhas que víamos a partir de nossa posição em relação à instalação;

  • Mudamos o ponto de vista em jogos de trocar a posição do corpo a partir dos sinais;

  • Desenhamos as linhas de varias maneiras (linhas grossas/ finas/ linha de coração/ linha de bolinha etc...);

  • Imitamos as linhas com partes do nosso corpo;

  • Dançamos entre as linhas;

  • Dançamos fora da instalação como se a instalação ainda estivésse lá.



- Fitas de cetim – Que desenhos essa linha pode fazer no espaço? Em quantas variações rítmicas?



- Lançamento de linhas – Uma criança joga uma linha no chão e observa suas formas. Pergunta: Podíamos brincar de imitar com o corpo? E essa experiência é vivida muitas vezes e de muitas maneiras por muitas turmas, que criaram danças abstratas muito bonitas.





-Tocar as cordas de um instrumento inventado - Nos dispusémos em círculo, sentados. Barbantes grandes cruzavam o centro do círculo nas mãos de crianças com posição oposta. A tarefa delas: deixar o barbante bem esticadinho. Um tocador por vez ia até o centro e tocava uma música fazendo vibrar as cordas. Colocava o ouvido bem pertinho dos barbantes e depois do concerto dividia com o grupo o que conseguiu ouvir.



- Desenhos com linhas soltas no chão – Desenhamos com linhas coloridas soltas no grande corredor do BEC. O vento desenhava também e modificava o que criávamos. Os corpos também puderam compor esse desenho junto com as linhas através de vários jogos rítmicos. Finalmente chega o momento de finalizar a criação. Ninguém mais poderia modificar o desenho, nem nós, nem o vento, então nos afastamos e fechamos a porta.

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